quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Carta

Senhora Lagartixa,
De forma alguma minha intenção é atrapalhar sua vida, reconheço que com a chegada do verão e o crescente número de insetos, a senhora trabalha demasiadamente.
Porém, gostaria de delicadamente pedir que a senhora se mudasse de casa, pois estou com muitas saudades do meu quarto. Preciso de livros que estão do outro lado da porta e fica muito difícil para mim, com minha timidez, atravessar o quarto sabendo de sua presença. Peço que leia esta carta e não pense que quero me livrar de tão querida e famosa personalidade, por não gostar do seu serviço. Saiba que admiro muito seu trabalho e que é uma honra para mim ter tido meu quarto como escolhido para sua morada, mas queira me desculpar sinto dizer que não há mais necessidade, pois não existe ao menos um mosquitinho rondando minha cama. Prezo por sua saúde e sua alimentação.
Desde já muito agradecida,
Da sua fã número um.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O novo

Foi então que você chegou, me beijou a boca e me disse umas frases atravessadas. Ficou me olhando, tão fundo, tão perdido dentro de mim que eu eu beijei sua boca e fui te dizendo as minhas frases sem sentido. Você sorriu. Eu precisava descobrir você. Cada parte de você. Você precisava me descobrir. Cada centímetro de mim, cada ideia existente em mim. Eu era sua. Por quanto tempo? Não sei. Talvez pouco, talvez muito.

Sem título III

Preciso aprender a receber "nãos" por mais absurdos que eles possam parecer diante de mim. Preciso aprender a engolir seco sem querer vomitar, a chorar sem deixar cair lágrimas, a ouvir verdades sem deixar o rosto vermelho, preciso aprender a não ser querida, a não ser amada, a respeitar o desejo de quem não me deseja.

Sem título II

Tenho pressa sim. Por que iria com calma se pode nascer uma coisa bonita disso tudo? E depois que nascer faço o que com ela? Jogo fora? E comigo? O que faço comigo quando ela acabar? Prefiro que nem viva para que eu não sinta saudades depois.

Adeus você

Eu gosto de chorar pelo que eu nunca tive, só por pensar na possibilidade de como seria se eu viesse a ter. Por isso que resolvi chorar por você, chorar por perder sua presença que nunca fez parte da minha vida, nunca fez parte de mim. Eu sentei e chorei porque senti pena de você, senti pena de você se sentir responsável pelo mundo todo, menos por você. Aí eu desejei que você fosse feliz, bem longe de mim mas que ainda sim fosse felicidade de verdade. Porque eu tenho pena de quem não é feliz por ter escolhido não ser, igual a você.
Eu ia chorando enquanto deixava de amar quem eu nunca amei. Eu ia chorando só pra não perder o hábito de chorar, eu ia sofrendo só para não esquecer como se sofre.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Face I

É tanta alegria em mim que eu nem me reconheço diante do espelho.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nem só o impossível

É preciso medir os próprios impulsos, não pular toda vez que se vê diante do abismo. É preciso saber perder e parar de forçar passagem pelo impossível. Muitas vezes o possível é o que nos leva onde queremos ir.

Solidão

O maior problema é quando nos desencontramos de nós mesmos. Não sabemos ser só, esquecemos como se convive com nossa presença. O perigo mora aí, porque o passo seguinte é começar a se entupir de falsas presenças para tentar preencher o vazio de nós mesmos.

domingo, 4 de julho de 2010

Morno

Eu não sou mulher de romance morno. Não suporto o meio-termo. Se quer, queira muito. Se quer pouco, então vá logo embora. É perda de tempo. Eu gosto de montanha-russa, queda-livre, bungee jumping.
Não gosto de ser meio amada, meio querida. De tanto fazer me ver ou não. 
Sou intensa para assuntos do coração, do corpo, da alma, do futebol ou de qualquer outra ocasião.
Se eu amo, amo mesmo. Se ofereço, ofereço tudo. Se choro, me seco por dentro.
Então não venha aqui me propor tranquilidade. Não sou tranquila. Eu gosto dessa vida furacão. Gosto das minhas noites mal dormidas, dos meus dias corridos em busca de paixão e por vezes só encontrando solidão.
Se você busca de vez em quando, esporadicamente, talvez sim, talvez não... Querido, sinto dizer, mas não é comigo.
Eu sei que você pensou que eu fosse outra, que eu fosse menos do que esse turbilhão.
Eu perdôo, também pensei que você fosse outro. Pensei que você fosse fogo, vida, distração. O que eu posso te oferecer é virar teu mundo de cabeça para baixo, caso você ouse re-aparecer na minha vida tumultuada. É te botar pra fora, porque não me apaixonei por você e acho um absurdo você não ter se apaixonado por mim.

O beijo

Nem dormi. Passou uma, duas, três horas... E eu ali, acordada, feito menina. Seu beijo guardado em mim, eu podia reproduzi-lo sozinha, era incapaz de esquecer qualquer segundo que minha boca passou junto da sua. Mas não teria graça sem você. Aquele beijo era só nosso e eu jamais faria dele singular. Ele era plural. Era beijo de boca, de corpo, de alma, de medos, de anseios, dúvidas, promessas. Era toda nossa história, nosso encontro, nossa vida. Eram nossas incertezas e certezas traduzidas em carinho.
Eu fiquei acordada, deitada, sonhando, só imaginando quando seria que nossas bocas voltariam a se encontrar sem data marcada, sem esforço, sem pedido... Quando é que seu beijo seria meu sem reserva?
Estou sentindo saudade de nós, do quanto nos amamos, do quanto sou sua, mesmo quando tento não ser, de como sempre acabo voltando para você.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

É pecado, eu sei.

 O mundo todo exigindo minha presença, só você parece ter calma, você me olha fundo e vai tocando em cada ponto da minha pele, sem nunca ter se aproximado de mim.
Hoje me peguei pensando como seria dormir no teu peito, hoje me peguei pensando como seria ficar ali por uma eternidade negando minha presença ao mundo, negando meu bom-humor e minhas piadas inteligentes ao resto da humanidade que não me merece.
A sua voz entra em mim, fazendo com que a cada nova palavra sua, meu corpo todo se manifeste. Não estou mais cabendo em mim. Você que nunca me beijou, você que nunca me tocou e que ainda sim, esteve mais dentro de mim do que qualquer outro. 
É pecado, eu sei. Vou falar baixinho pra ninguém escutar, vou esconder, mas não posso negar. É pecado, eu sei. Mas você já olhou pra lua essa noite? 

segunda-feira, 8 de março de 2010


A procura de palavras que ao menos completem o vazio que se instalava dentro de mim.
Mas nada podia caber naquele vazio.
Tudo sumia ali.
Tudo era pequeno demais diante do meu próprio abismo.