quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Olha bem na minha cara e diz assim que você não vai judiar de mim.
Me encara os olhos, se tiver coragem e diz que me quer. Que me quer assim. Errada do jeito que eu sou, porque acredite em mim, eu não vou me apaixonar por você até você me garantir estar apaixonado por mim.
Eu já sofri muito nessa vida, e eu não vou me entregar de novo para macho chegar aqui e dizer meia dúzia de palavras bonitas, me usar do jeito que bem entender a noite inteira e depois me deixar sozinha pra trocar os lençóis e a alma.
Eu não vou sair correndo no escuro dizendo que quero você noite e dia, se você não me garantir que vai me dar a mão, que vai manter a sanidade me amando enquanto eu enlouquecer, porque acredite, eu posso perder a cabeça de amor.
Eu posso querer ser sua por quinze noites inteiras. Porque eu posso querer matar a sede do mundo com um beijo nosso.
Então vai, diz pra mim, diz pra mim que você me quer assim, que você é homem é pra mim.

quarta-feira, 5 de março de 2014

A sua

Vivo no tortuoso caminho das paixões carnais, onde meu corpo nu é devorado por desejos que não são os meus. Onde eu me ergo tão pura e tão vadia, permitindo que estas duas faces caibam numa mesma mulher.
A quentura do meu corpo me faz desmanchar sem ser tocada, a minha boca pede seu gosto mesmo quando eu o tenho nos lábios.
Vou matando aos poucos e revivendo cada vez mais a minha imensa fome de amor.
Assim sigo não te deixando dormir, não me deixando dormir, fazendo você revirar na cama que tantas vezes eu deitei jurando ser sua.

domingo, 13 de março de 2011

Um pouco de verdade crua sobre uma mulher que sempre disse mentiras

Não entendo quem gosta pensando. Eu só gosto de você se for assim, eu só gosto de você se você souber interpretar direitinho o papel da mulher da minha vida. Eu sei. Eu faço bem a personagem, eu entendo seus desejos e eu os cumpro num ritual macabro de fazer com que você se apaixone por mim, até que você perca o ar, a vida, até que você me deseje mais do que deseja a si próprio. Eu sei tirar de perto minhas vontades e mentir que as minhas vontades são as mesmas que as suas. Eu só não sei porque. Eu só não entendo o porque eu preciso ser amada, mesmo por quem eu sei que não vale.  Eu hoje acordei chorando, porque senti pena de mim. Senti pena de nunca encontrar uma pessoa bacana que caiba nos meus sonhos ou que saiba fingir que cabe. Eu senti pena de estar sozinha, mesmo eu sendo tão gente boa. Depois eu mudei de ideia e comecei a sentir pena de todo mundo que vivia sem a minha presença exatamente por eu ser tão gente boa assim. Faz tempo que não sinto amor. Nem uma fagulha dele, nem um calorzinho que me lembre como é se sentir em estado de amar. Para não me sentir estranha do lado das outras pessoas eu finjo que amo também. Quando eu lavei o rosto nessa manhã eu pensei que mais um quase amor tinha escorrido pelo ralo. Só que desta vez eu não tinha culpa. Nem nada que eu pudesse inventar para me culpar. Eu nunca tinha sentido isso. Eu não te culpava. Mas eu também estava isenta de preocupações por ter causado o fim de alguma coisa que nem chegou a existir, que podia ser boa ou má, mas que eu nunca saberia porque eu sempre matava antes que ganhasse vida. Eu insisto em falar com pessoas que não gosto, só porque eu gosto de perdoar o fato delas não serem tão interessantes como eu gostaria que elas fossem. Me sinto boa assim. Talvez uma bondade que realmente só resida em mim através das mentiras que eu conto para mim mesma. Sei que você nunca entendeu o que eu te dizia, sei de verdade, mas você nunca entendeu que toda a minha confusão era a única coisa verdadeira que existia em mim, e eu também não compreendia para te explicar. Nada me prende a você, nossos caminhos não vão se cruzar, eu sigo por aqui e você por ali. Triste? Talvez seja. Talvez não. Adeus, deixe minhas coisas na portaria. Será sua última frase para mim, você dirá isso tentando parecer superior, mas na verdade está tentando tirar tudo que me deu. Mas eu não me importo, farei como você mandou, deixarei suas coisas na portaria do seu prédio, sem nenhum bilhete, sem nenhuma ligação, sem nenhuma tentativa de contato. Como se eu dissesse: aceito seu adeus. Eu realmente não quero lembrar de você, porque eu tenho medo de sentir falta desse quase-amor, escondi numa caixa suas lembranças, elas estão ali trancadas no fundo do armário e eu estou aqui, longe de você. Enquanto eu tomava meu último banho na sua casa, prestes a ir embora de vez. Eu fiquei feliz. Vi que aquele banheiro tinha mais lembranças minhas, que o meu tem suas. E que por isso você se lembraria muito mais de mim do que eu de você. Eu me olhei no espelho e vi ali a única pessoa capaz de me fazer feliz. Me senti feliz e triste. Feliz porque eu nunca estive tão próxima da pessoa que me faria feliz e triste porque era responsabilidade demais e eu não poderia mais culpar ninguém pela minha infelicidade. Eu sempre estou indo embora, você diz que é medo de viver a coisa. Mas você esquece que eu estou sempre indo embora e voltando. Só que desta vez, pela primeira vez na minha vida, eu fui embora de verdade, sentindo dor, mas sentindo uma força grande demais crescer dentro de mim, senti orgulho dessa mulher que eu sou e fui seguir meu caminho com pessoas que eu realmente acho interessantes.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Carta

Senhora Lagartixa,
De forma alguma minha intenção é atrapalhar sua vida, reconheço que com a chegada do verão e o crescente número de insetos, a senhora trabalha demasiadamente.
Porém, gostaria de delicadamente pedir que a senhora se mudasse de casa, pois estou com muitas saudades do meu quarto. Preciso de livros que estão do outro lado da porta e fica muito difícil para mim, com minha timidez, atravessar o quarto sabendo de sua presença. Peço que leia esta carta e não pense que quero me livrar de tão querida e famosa personalidade, por não gostar do seu serviço. Saiba que admiro muito seu trabalho e que é uma honra para mim ter tido meu quarto como escolhido para sua morada, mas queira me desculpar sinto dizer que não há mais necessidade, pois não existe ao menos um mosquitinho rondando minha cama. Prezo por sua saúde e sua alimentação.
Desde já muito agradecida,
Da sua fã número um.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O novo

Foi então que você chegou, me beijou a boca e me disse umas frases atravessadas. Ficou me olhando, tão fundo, tão perdido dentro de mim que eu eu beijei sua boca e fui te dizendo as minhas frases sem sentido. Você sorriu. Eu precisava descobrir você. Cada parte de você. Você precisava me descobrir. Cada centímetro de mim, cada ideia existente em mim. Eu era sua. Por quanto tempo? Não sei. Talvez pouco, talvez muito.

Sem título III

Preciso aprender a receber "nãos" por mais absurdos que eles possam parecer diante de mim. Preciso aprender a engolir seco sem querer vomitar, a chorar sem deixar cair lágrimas, a ouvir verdades sem deixar o rosto vermelho, preciso aprender a não ser querida, a não ser amada, a respeitar o desejo de quem não me deseja.

Sem título II

Tenho pressa sim. Por que iria com calma se pode nascer uma coisa bonita disso tudo? E depois que nascer faço o que com ela? Jogo fora? E comigo? O que faço comigo quando ela acabar? Prefiro que nem viva para que eu não sinta saudades depois.

Adeus você

Eu gosto de chorar pelo que eu nunca tive, só por pensar na possibilidade de como seria se eu viesse a ter. Por isso que resolvi chorar por você, chorar por perder sua presença que nunca fez parte da minha vida, nunca fez parte de mim. Eu sentei e chorei porque senti pena de você, senti pena de você se sentir responsável pelo mundo todo, menos por você. Aí eu desejei que você fosse feliz, bem longe de mim mas que ainda sim fosse felicidade de verdade. Porque eu tenho pena de quem não é feliz por ter escolhido não ser, igual a você.
Eu ia chorando enquanto deixava de amar quem eu nunca amei. Eu ia chorando só pra não perder o hábito de chorar, eu ia sofrendo só para não esquecer como se sofre.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Face I

É tanta alegria em mim que eu nem me reconheço diante do espelho.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nem só o impossível

É preciso medir os próprios impulsos, não pular toda vez que se vê diante do abismo. É preciso saber perder e parar de forçar passagem pelo impossível. Muitas vezes o possível é o que nos leva onde queremos ir.

Solidão

O maior problema é quando nos desencontramos de nós mesmos. Não sabemos ser só, esquecemos como se convive com nossa presença. O perigo mora aí, porque o passo seguinte é começar a se entupir de falsas presenças para tentar preencher o vazio de nós mesmos.

domingo, 4 de julho de 2010

Morno

Eu não sou mulher de romance morno. Não suporto o meio-termo. Se quer, queira muito. Se quer pouco, então vá logo embora. É perda de tempo. Eu gosto de montanha-russa, queda-livre, bungee jumping.
Não gosto de ser meio amada, meio querida. De tanto fazer me ver ou não. 
Sou intensa para assuntos do coração, do corpo, da alma, do futebol ou de qualquer outra ocasião.
Se eu amo, amo mesmo. Se ofereço, ofereço tudo. Se choro, me seco por dentro.
Então não venha aqui me propor tranquilidade. Não sou tranquila. Eu gosto dessa vida furacão. Gosto das minhas noites mal dormidas, dos meus dias corridos em busca de paixão e por vezes só encontrando solidão.
Se você busca de vez em quando, esporadicamente, talvez sim, talvez não... Querido, sinto dizer, mas não é comigo.
Eu sei que você pensou que eu fosse outra, que eu fosse menos do que esse turbilhão.
Eu perdôo, também pensei que você fosse outro. Pensei que você fosse fogo, vida, distração. O que eu posso te oferecer é virar teu mundo de cabeça para baixo, caso você ouse re-aparecer na minha vida tumultuada. É te botar pra fora, porque não me apaixonei por você e acho um absurdo você não ter se apaixonado por mim.

O beijo

Nem dormi. Passou uma, duas, três horas... E eu ali, acordada, feito menina. Seu beijo guardado em mim, eu podia reproduzi-lo sozinha, era incapaz de esquecer qualquer segundo que minha boca passou junto da sua. Mas não teria graça sem você. Aquele beijo era só nosso e eu jamais faria dele singular. Ele era plural. Era beijo de boca, de corpo, de alma, de medos, de anseios, dúvidas, promessas. Era toda nossa história, nosso encontro, nossa vida. Eram nossas incertezas e certezas traduzidas em carinho.
Eu fiquei acordada, deitada, sonhando, só imaginando quando seria que nossas bocas voltariam a se encontrar sem data marcada, sem esforço, sem pedido... Quando é que seu beijo seria meu sem reserva?
Estou sentindo saudade de nós, do quanto nos amamos, do quanto sou sua, mesmo quando tento não ser, de como sempre acabo voltando para você.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

É pecado, eu sei.

 O mundo todo exigindo minha presença, só você parece ter calma, você me olha fundo e vai tocando em cada ponto da minha pele, sem nunca ter se aproximado de mim.
Hoje me peguei pensando como seria dormir no teu peito, hoje me peguei pensando como seria ficar ali por uma eternidade negando minha presença ao mundo, negando meu bom-humor e minhas piadas inteligentes ao resto da humanidade que não me merece.
A sua voz entra em mim, fazendo com que a cada nova palavra sua, meu corpo todo se manifeste. Não estou mais cabendo em mim. Você que nunca me beijou, você que nunca me tocou e que ainda sim, esteve mais dentro de mim do que qualquer outro. 
É pecado, eu sei. Vou falar baixinho pra ninguém escutar, vou esconder, mas não posso negar. É pecado, eu sei. Mas você já olhou pra lua essa noite? 

segunda-feira, 8 de março de 2010


A procura de palavras que ao menos completem o vazio que se instalava dentro de mim.
Mas nada podia caber naquele vazio.
Tudo sumia ali.
Tudo era pequeno demais diante do meu próprio abismo.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Copos são imorais


Eles estavam lá. Em cima da nossa mesa. Absurdamente limpos. 
Mais do que transparentes. Inquebráveis. Resistindo há anos de convívios, de conflitos.
Eram eles. Delicadamente imortais. Eram para ser frágeis e frágil naquela sala, só tinha eu.

- Foi aí que ela bebeu água. - me surpreendi pensando e logo censurei.

Você dizia:

- Dividimos assim: tapetes com ela, copos comigo. 
Achei que foi bom negócio, esses copos foram presentes de um amigo gringo.

Os tapetes teriam sido tão melhores. Que vontade que eu tinha de ter aquele tapete na 
minha sala, 
que vontade que eu tinha de dormir com você no tapete, de pisar no tapete, de pisar nas 
lembranças que não eram minhas lembranças. Você sem meu ouvir, eu sem te falar. 
Ali parada, estática. Olhando você, que olhava um dos copos com um cuidado, 
com uma dedicação. Me olha! Me olha! 
Eu implorava sem emitir som algum, eu implorava olhando para você. 
Era você que eu olhava ou era sua imagem através do copo? 
Quando me dei conta percebi que você havia colocado o copo
a frente do rosto, só existiam vocês dois, eu era só um utensílio subsitituível. 
Te via torto, te via pelos olhos dela. Sem largar dele - preste atenção: você
passou mais tempo com ele na mao do que comigo na cama aquele dia - 
numa fixação pútrida você ainda dizia.
    - Bonitos não?

    Ao passo que eu respondia:

    - São copos.
    - Isso é cristal.
    - Cristal ou vidro. A mim não importa. Tudo funciona.
    - Você não entende.
    - Por que você não ficou com os pratos ao invés dos copos?
    - Pratos?
    - Você disse que tinham um jogo lindo.
    - Prato a gente tem.
    - Copo também.
    - Você não entende!

    E eu entendia. Tudo. Transparente feito o maldito cristal. Reluzia na minha cara. Você queria era me trair com aquele copo. O copo que foi dela.
    O copo que ela bebeu água. Que cretino! Que desgraçado! É isso o que você queria. Você beijaria o copo com toda a saudade que sentiria dela
    nos dias em que eu não fosse perfeita. Eu que nunca era perfeita. Já posso imaginar a cena, você saindo de manso da nossa cama, morto de
    sede, indo procurar alívio nela, na boca dela, no copo dela. Maldito copo! Por que não os pratos? Prato a gente não põe a boca, prato a gente não desliza lábios, prato a gente não segura na mão. Prato é prato. Copo não. Copo é indiscreto. Minha garganta seca. Água por favor! O copo dela. Não, a minha boca nessa copo não. Pousar a boca onde ela pousou a dela é impudico. Eu não posso. Olho pra boca dele. A boca que eu pousei a minha. Olha pra falta de pudor da minha vida. Corro até a pia. Mato a sede enquanto percebo que nada é capaz de matar a minha loucura.

    domingo, 20 de dezembro de 2009

    Das muitas perguntas que tenho IV

    São meus pés que criam raízes no chão ou o chão que cria raízes nos meus pés?

    domingo, 13 de dezembro de 2009

    Eu flor

    Eu flor
    Tu flores
    Ele foi e não volta mais.

    quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

    Das muitas perguntas que tenho III

    Aonde estão as pessoas de verdade?

    Flor de mim

    Estou grávida mas sei que não vou parir com gritos.
    Meu ventre vai se desfolhando pétala por pétala até chegar no meu rebento e nesse instante eu deixarei de ser mulher e me transformarei em flor. E ele ali, no meu meio, coroando a minha metamorfose.

    Das muitas perguntas que tenho II

    Por que meus beijos não podem silenciar seus medos?

    domingo, 22 de novembro de 2009

    Teimosia

    Enfeitei minha casa com estrelas que nasceram com raízes, pensando que a luz delas podia contaminar a minha vida. Mas elas eram tão mais fortes do que a escassa luz que eu tinha, que aos poucos fui murchando e elas murcharam junto, como se fossem flores, mas ainda eram estrelas, agora sem luz, sem vida, enraizadas num jarro de flores, por causa da minha teimosia.

    quinta-feira, 3 de setembro de 2009

    Vontade

    Das vezes que eu não fui sua
    eu tive que aguentar cada centímetro do meu corpo
    implorando para eu deixar de lado o meu orgulho banal
    e me jogar em você.

    Eu nunca consigo medir forças com minhas vontades.

    quarta-feira, 2 de setembro de 2009

    Ele

    Você me vira do avesso, me despedaça, me revira e ainda sim, é só com você que eu me sinto completa.

    terça-feira, 1 de setembro de 2009

    Animação

    Eu estou cansada, é só. Estou cansada de não conseguir acordar cedo, de ter preguiça de fazer suco maçã, estou cansada de ligar pra você e dizer que eu já acordei e tive preguiça de fazer suco maçã, estou cansada de almoçar e não ter nenhuma grande emoção. De escovar os dentes sem pasta de dente infantil. Estou cansada, é só. Estou cansada de ser exclusividade sua. De só poder ser sua independente do dia, do tempo, do meu humor. Cansada de beber vinho e ficar tonta. De beber cerveja e ficar tonta. De beber vinho e cerveja e ficar muito tonta. De sair na rua e não ter música de fundo. De encontrar você ainda sem música de fundo. De beijar você e não ter fogos de artifício. De olhar você e não estremecer. De não suar frio. De pegar chuva e não ficar bonita. De segurar o guarda-chuva. Estou cansada de mim. De você. De nós. Da chuva. Do calor demasiado. Da vida sem graça. Da vida que não é filme. Do filme que é sempre o mesmo. Estou cansada de reclamar que estou cansada. Estou cansada demais para dormir agora. Para sofrer agora. Para chorar agora. Estou cansada demais para querer descansar. Para querer arrumar uma solução pro cansaço. Para te dizer abertamente que estou cansada. Enfim, estou cansada e é só.

    terça-feira, 4 de agosto de 2009

    Rua


    Às vezes me dá vontade.
    Uma vontade de parar.
    De parar no meio da rua
    e começar a chorar.
    De desistir
    de tanto tentar.
    Porque eu sei que
    não são os próximos dois ou três passos
    capazes de me levar a algum lugar.
    E eu estou realmente muito cansada
    para correr atrás de alívio.


    terça-feira, 28 de julho de 2009

    Das muitas perguntas que tenho I

    Onde está você que não ao meu lado
    para sorrir das ironias do mundo
    que só nós dois somos capazes
    de entender?

    sexta-feira, 17 de julho de 2009

    Confusão

    Teu cheiro
    é tão intenso em mim
    que começo a achar
    que ele é o meu próprio.
    E o que antes eu chamava de meu
    é só o seu
    que cada vez mais
    raramente
    vem me visitar.

    terça-feira, 14 de julho de 2009

    Do saber

    Pouco sei.
    E ainda sim pouco me resta a saber.
    Se queres partir
    sem dar explicações
    Vá!
    E me deixe achando
    que sei o suficiente de
    você.

    quinta-feira, 18 de junho de 2009

    A mulher perfeita

    Quem dera eu ser a tal. Essa tal cheia de qualidades. Quem dera fosse eu a mocinha dos teus contos. A mulher dos bons adjetivos. Quem dera a mim não ter esse cabelo vermelho, essa cara de vilã de filme europeu.
    Eu não passo da que tumultua a tua vida planejada, da que despeja novidades que você não faz questão de saber. Da que ama demais, da que pondera de menos. Da que hoje quer muito e quer que amanhã o muito já seja parte integrante da vida. Eu sou a impulsiva que age e depois corre pra te pedir perdão. Que erra de novo e volta a te pedir mais chances de acerto. Eu te ensinei o que é amargo, o que é solidão. Eu te ensinei o que é que você não quer ser e quem é que você não quer ter. Eu sou a sem pudores, que fala o que quer, o que pensa, o que pensa que quer e que principalmente acha que pensa. Eu sou a antítese da perfeição. Eu sou turbilhão. Eu sou erro. Ela não. Ela é acerto. Tão calma. Tão soberana. Eu fervo, tranco os punhos, esbravejo enquanto ela me propõe uma guerra de nervos. Ela não perde a pose e eu já perdi a minha faz tempo. Ela te fez, te faz e ainda quer fazer tudo o que eu não consigo fazer. Eu penso: Paz pra quê? Mas eu não sei porque você sempre volta pra mim. Vá entender o que é perfeito pra você!